sexta-feira, 12 de junho de 2015

De volta à graduação depois dos 30s!

Sim, estudar é o melhor que podemos fazer... Mas, o que acontece quando isso só pode se dar depois que a etapa "certa" passou? Sim, falam que não há etapa certa, que em qualquer momento pode se estudar... Mas, sério, entrar na faculdade sem esse olhar perdido de novato e um monte de ideais, energia e disposição infinita, mas sim quando já se há apanhado um tanto da vida, quando há uma rotina de trabalho, quando tem inúmeras outras responsabilidades, não é coisa fácil. Especialmente para alguém como eu, que estou voltando com um pouco de ar de derrota.
Bom, vou te contar minha historia, brevemente. Tem muitas pessoas que depois que terminaram o ensino meio suas famílias não tinham condição para pagar uma faculdade ou um cursinho para poder entrar numa federal e tiveram que esperar um pouco até conseguir ter condição de se bancar a graduação. Mas esse não é meu caso. Eu, sim, tive a oportunidade de ingressar  na faculdade após o colégio. Comecei, tudo ia bem até que conheci alguém, me casei nova, o relacionamento não deu certo e nos separamos, e dentro das consequências desse fracasso foi uma confusão de crise existencial, somada a outros fatores burocráticos, que acabou em mudança de curso. Sim, me transferi para outro curso depois de dois anos. Depois, consegui formar no curso novo... vitória! Ate que a realidade pesou e, por ser um curso de humanas, jornalismo exatamente, tem sido muito difícil arranjar emprego na área, mais de que uns frilas aqui e ali.  Acabei trabalhando fora da área e um tanto (muito) insatisfeita por não poder trabalhar com o que gostaria e me desenvolver profissionalmente. Então, numa tentativa de ter mais chance, comecei fazer pós. Fiz uma especialização. Mas mesmo assim as coisas não tem melhorado muito. Os frilas continuam sendo a melhor opção para trabalhar um pouco na área, mas a pior das opções para receber dos contratantes.  -Ah! Como é difícil receber pelo trabalho realizado, inclusive dentro de contrato por prestação de serviços passado por cartório!... Bom, mas isso é outra história.- Enfim, depois de tantos desgostos e insatisfação decidi voltar à faculdade, agora com 30 anos. Mais experiente, mas mais cansada e com pouca paciência para algumas coisas.
Quando decidi voltar, todo mundo me desencorajava. "Porque não faz pós?" Diziam. Dai eu falava "Já fiz" e me olhavam com cara de paisagem.  O certo é que neste país os cursos de humanas são muito desvalorizados, e jornalismo, nem se fale, é uma das profissões mais difíceis para se conseguir emprego no mundo - Porquê ninguém me contou isso quando decidi mudar de curso?! Onde estavam os pitaqueiros de plantão?! rs- Decidi voltar pra o curso que tinha deixado anos atrás. Uma engenharia. -Espero dê certo agora!-
 O primeiro dia foi como imaginei. Me senti deslocada. Muito. Não tinha assunto com ninguém, logo eu que sempre fui tão falante. Mas os assuntos eram muito desinteressantes para mim... e não era de se espantar, a breja geracional era apenas de 12 anos! Incrível que, ao parecer, eu me misturava. Meus colegas achavam que tinha no máximo 23 anos! Foi um grande elogio para minha vaidade... a final estavam me tirando 7 anos das costas!rs Mas, por mais que minha aparência  seja de alguém mais novo, não sou e os anos pesam. O engraçado foi receber cantadas de meninos de entre 17 e 18 anos e escutar alguns argumentos de "como a idade não importa". Obviamente cortei rápido essas conversas, pois não voltei na faculdade procurando um "amor" adolescente (nem para ser presa por abuso de menor!), mas o fato foi lisonjeiro e engraçado ao mesmo tempo.
No transcurso dos meses comecei sentir o peso de ter que cumprir com minhas obrigações no emprego e estudar pra provas e fazer trabalhos da faculdade. Como é difícil conciliar as duas coisas. Tenho muitas saudades do meu tempo de faculdade quando a única responsabilidade era estudar. E a falta de pique? Sim, não sou velha, tenho apenas 30, mas é impossível ignorar a mudança no meu corpo. Aos 20 e pouco virava noites, dormia uma ou duas horas e estava na aula como nova, podia até sair beber com a galera - Ah! Como isso era bom!- e estava tranquila e feliz pronta pra próxima, no dia seguinte. Hoje, se não dormir no mínimo 7 horas, estou um caco noS diaS seguinteS! E de sair? Nem falo, para sair tem que ser uma ocasião especial, não aguento festar e no dia seguinte estar ótima. Não, tem que ser algo tranquilo e voltar pra casa meia noite, igual a Cinderela, para poder render no outro dia, isso com apoio de uma boa capsula de pó de guaraná. Ou quando estiver de férias.
A falta de assunto, ou melhor dito, o desinteresse na maioria dos assuntos continua uma constante. Tenho achado alguns pontos em comum, como coisas gerais e assuntos relativos ao curso. E bom, neste ambiente no qual me sinto um tantão fora, vou indo. Tento não perder o foco e desanimar. Não sei como vão ser os seguintes meses, pois ainda estou me adaptando, principalmente, à nova rotina. Conciliar trabalho, cansaço e estudos não é coisa fácil. Mas desta vez terminarei este curso, e espero, que na pratica profissional, dê mais certo que o anterior. Tenho medo, claro, sei que entrarei um pouco velha no mercado de trabalho. Um monte de incógnitas estoiram na minha cabeça e tento responder elas conversando com pessoas que passaram por situações similares. Também, me sinto um pouco culpada, por na época, não haver terminado o curso mas, emocionalmente, não estava preparada e nem tinha a maturidade suficiente para enfrentar todos esses turbilhoes que apareceram na minha vida. E não me arrependo de ter cursado jornalismo, gosto, e gosto muito, só lamento não ter podido me desenvolver profissionalmente. E bom, tudo isto  me ensinou pra nunca mais desistir de nenhuma das minhas metas individuais e continuar lutando pela vida que quero, pra não estar tendo que voltar atrás, retomando o abandonado anos depois.